Skip to main content

Tecnologia é o alicerce da eficiência operacional na saúde digital

*Por Sonia Poloni

Na prática, a gestão de alta performance nada mais é do que um modelo que busca eficiência em todos os sentidos dentro de uma organização. Por esse motivo, pressupõe uma série de mudanças. Na saúde, isto se reflete em indicadores, usados como padrões de mercado e de eficiência das instituições.

O sistema de saúde está passando por mudanças e uma delas, que já era esperada, é o modelo fee for service, que deve dar lugar ao modelo de saúde baseado em desfecho, uma vez que o sistema já se mostrava insustentável num futuro não muito distante, mas que foi acelerado pela pandemia. Isto porque as despesas com saúde cresceram muito além da economia global nas últimas décadas e devem continuar aumentando, intensificadas pelas mudanças demográficas, com a população global envelhecendo.

Desafios

O envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida, por sua vez, tendem a pressionar ainda mais os serviços assistenciais, desafiando as instituições que terão de atender uma demanda cada vez maior. A inflação médica supera o IPCA ano após ano, revelando que os custos das instituições só crescem enquanto os reajustes nos pagamentos pelas operadoras e pelo sistema público de saúde não acompanham os custos crescentes do setor.

Assistimos um processo de consolidação através de fusões e aquisições que estão em alta, e que revelam a busca de escalabilidade, redução dos custos e ganhos de eficiência operacional. O que se espera, é que isto se reflita em melhores resultados financeiros.

A busca pela eficiência, da qual dependem os melhores resultados financeiros, passa inevitavelmente pelo investimento em tecnologia. E aqui é preciso destacar que não se trata de investir somente em equipamentos médicos e nos últimos lançamentos da indústria de alta tecnologia para diagnósticos, cirurgia ou tratamento. Mas engloba também a necessidade de investir em tecnologia de base, como costuma ser vista a infraestrutura de TI e de telecom.

A ausência de um plano diretor de tecnologia mostra a incapacidade da alta gestão dos hospitais para perceber o quão estratégico é o papel da TI dentro do negócio. É urgente que dirigentes e gestores que buscam uma gestão de alta performance tornem a sua TI estratégica, caso contrário, a operação perderá a oportunidade de usufruir das vantagens competitivas trazidas pela tecnologia da informação e comunicação. Pior ainda, isto resultará em custos elevados de manutenção e contingência, dada a obsolescência e desatualização do parque tecnológico.

Lembro-me que há poucos anos, o processo de reembolso exigia que se enviassem os recibos e notas fiscais originais para a operadora. Suponho que a documentação era recebida por uma analista que se dedicava a lançar em sistema e analisar pedido a pedido, para então deferir ou não o reembolso. Imagino a quantidade de pessoas necessárias para tal atividade.

Hoje, essa mesma operadora disponibiliza um aplicativo de celular que permite o cadastramento de todas as informações acerca da consulta realizada, incluindo os dados da nota fiscal do médico.  Ou seja, o próprio beneficiário faz o lançamento no sistema de reembolso, que antes dependia de um funcionário da operadora para realizá-lo. Se só a análise continua a cargo do analista, uma vez que o cadastro é feito pelo próprio beneficiário, o ganho de produtividade é enorme.

Esse é um pequeno exemplo que ilustra bem o benefício de um fluxo digitalizado. Outro exemplo refere-se ao cuidado contínuo. Ele está baseado principalmente no armazenamento de dados do paciente. Pode-se utilizar armazenamento em nuvem para salvar e recuperar os dados, o que elimina a necessidade do paciente carrega-los, ou de contatar o médico.

Por envolver armazenamento em nuvem, a segurança da informação se torna um aspecto crítico, tanto quanto o aspecto técnico do processo de tratamento do paciente, e o cuidado contínuo permanece auxiliando em processos clínicos como a triagem. Sem falar da Telemedicina.

Eficiência operacional

Eficiência operacional, portanto, nada mais é do que pensar além dos números e olhar a fundo para os processos, dada a forte pressão de custos do setor, que gera a busca por novas tecnologias para proporcionar redução de despesas. Ou seja, ela trata de buscar um melhor desempenho, inserindo novas ferramentas capazes de tornar os processos mais ágeis.

O fato é que a TI é importante demais para não ter inteligência e valor agregado. Uma área de TI operacional, que vive para apagar incêndio e que não participa ativamente da estratégia do negócio, não condiz com o modelo de gestão de alta performance, através do qual se obtêm os melhores indicadores assistenciais e resultados financeiros.

As instituições de saúde que buscam uma operação digital, em que se pressupõe tirar o prontuário e os controles do papel e ser paperless, não devem negligenciar a infraestrutura de TI, que na verdade é o alicerce no qual roda os sistemas que automatizam os fluxos de trabalho se apoiam.

É preciso desenvolver uma infraestrutura adequada para suportar a operação digital, gerando eficiência operacional em todos níveis da camada tecnológica. Investir em avançados sistemas de gestão hospitalar, laboratorial ou de imagens, sem se preocupar com o alicerce em cima do qual esses sistemas são altamente dependentes, é colocar em risco a disponibilidade do fluxo assistencial mínimo. O risco que se corre é o da indisponibilidade da assistência (diagnóstico e tratamento).

As oportunidades de melhorias são inúmeras. Cabe aos dirigentes das instituições uma mudança de mindset, deixando de avaliar esses avanços como custos desnecessários e passando a vê-los como investimento na busca por maior eficiência operacional, principalmente no que tange a infraestrutura de tecnologia e comunicação (TIC). É assim que agem setores tecnologicamente mais maduros, como o financeiro e o varejo.

É preciso que as instituições de saúde vejam a informática clínica (integração da tecnologia da informação nos cuidados a saúde) como fundamental para sucesso financeiro e a capacidade de gerenciar efetivamente o atendimento e o bem-estar do paciente. E isto sem se esquecer do alicerce. Afinal, se fizemos uma analogia simples com a engenharia civil, é a fundação da obra quem apoia a casa no terreno de forma segura e eficaz.

 

*Sonia Poloni é business development manager para saúde e educação na Added Soluções

saúde, saúde digital, eficiência operacional, TI